Viagem interna: Um passo à Liberdade
Li e ouvi falar muito bem de uma exposição que está sendo realizada no Itaú Cultural: Lygia Clark: Uma retrospectiva.
Trata-se de uma artista que iniciou seus estudos artísticos em 1947, no Rio de Janeiro, e no decorrer de sua carreira desenvolveu um novo paradigma artístico no qual seu objeto de trabalho "não estava mais fora do corpo, mas era o próprio corpo".
Em 1968, Lygia Clark apresentou sua obra "A Casa é o Corpo" em um local onde convidou os visitantes a interagirem com esta, estimulando a sensação de penetração, ovulação, germinação e expulsão do ser vivo.
Lygia Clark: A Casa e o Corpo (1968)
Esta experiência de "germinação" e "nascimento" provocaria sensações e experiências subjetivas e corporais, levando o indivíduo ao contato profundo consigo mesmo.
Em construção de uma arte que se completaria com o corpo do outro, Lygia Clark utilizava objetos sensoriais e relacionais para promover a interação "arte-corpo". Desta forma, sua arte foi caracterizada como uma manifestação artística transcendental, pois é essa a vivência que proporcionava às pessoas.
Para a artista, "a arte precisava estar a serviço da libertação do ser humano". E foi por isso que evolucionou de forma criativa a arte, construindo obras que estimulassem o "acesso direto com o nosso interior (Self) desenvolvendo um estado de auto-conhecimento revelador e, por isso, libertador".
Uma das obras de Lygia Clark exposta no Itaú Cultural de São Paulo
Achei bem interessante a proposta desta artista, que através da interação e sensação (resultante desta experiência) promove uma experiência corporal única e bem dito por ela, uma abertura e contato com o Self que nos possibilita a revelação de uma parte de nós. O encontro com mais uma peça preciosa de nós mesmos que pode e faz diferença no nosso modo de ser e perceber a vida.
Descrevo abaixo, um trecho do site da Lygia Clark sobre a figura desta artista na atualidade:
"... O mundo virtual, sem limites, vai tomando o lugar do mundo físico em nossas vidas. Trabalhamos, convivemos e nos divertimos por meio de telas, interfaces que nos dizem o que fazer e nos guiam aonde queremos chegar. Perturbados com a velocidade deste novo mundo, compartilhamos nossas loucuras por meio de redes e mídias sociais, buscamos forças na força invisível do divino e acordamos todo dia em dívida com a informação que prolifera sem parar.
A forças invisíveis do mundo online podem nos trazer grande liberdade (virtual), mas podem também nos oprimir. Vivemos com medo de inimigos igualmente invisíveis: vírus (de computador ou não), bactérias, assaltantes, terroristas. Vivemos trancados em locais seguros, mantendo contato com todo o planeta por janelas eletrônicas.
Oprimidos, com medo e confusos, sentimos necessidade de nos expressar: berramos gritos de guerra em torcidas, nos exibimos em webcams, falamos de nós mesmos por horas em chats e transformamos o corpo em outdoor de nossas opiniões.
Sutilmente loucos, procuramos alívio instantâneo em bebidas, abusamos de drogas, lícitas ou não, e dançamos frenéticos ao ritmo de tambores. Chegamos a pintar a face (manifestações de rua, estádios esportivos, carnaval). Enfim, tentamos simular a vida dos ancestrais que viveram num mundo mais simples, fácil de entender, bastava alimentar e proteger a tribo. Ou seja, o primitivo, hoje, nos dá alívio.
Lygia acreditava que a arte precisava estar a serviço da libertação do ser humano que hoje existe em células, comunidades e perfis online".
Fonte: http://www.lygiaclark.org.br
Convido a todos para passarem por esta experiência e se sentirem à vontade, compartilhem a vivência que tiveram neste encontro consigo mesmo!
Onde
Itaú Cultural (São Paulo/SP)
Avenida Paulista, 149 - Próximo à estação Brigadeiro do metrô
Exposição: Lygia Clark: uma retrospectiva
Quando: De 01 de setembro a 11 de novembro
Terça a sexta: 09hs às 20hs
Sábado, domingo e feriado: 11hs às 20hs
Lygia Clark (1920-1988)
Foi uma das fundadoras do Grupo Frente, marco histórico do movimento construtivo no Brasil. Depois, abandonando rótulos e escolas, passou a denominar-se "não artista", radicalizando conceitos. Com o desenvolvimento de experiências sensoriais, ela estendeu os limites de compreensão da obra de arte, agregando-lhe contornos terapêuticos.
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